Underground Lusófono Entrevista: Skit Van Darken
by: Daniel Macedo
Quem é o Skit Van Darken?
Skit Van Darken é um psedónimo para L. P. Jorge, jovem Luandense, beatmaker, rapper, designer gráfico, fundador e C.E.O da Skit Company, a primeira editora exclusiva de Horrorcore a nível nacional e da Africa Subsaariana de acordo com os estudos levantados durante pela mesma companhia.
Donde surgiu a ideia de pores “Skit Van Darken” como teu nome artístico?
Por mais estranho que pareça, “Skit Van Darken” não foi concebido para servir como nome artístico mas sim uma alternativa ao nome que foi-me dado ao nascer (de registo), isso mesmo, é o nome que eu dei à mim mesmo para todos efeitos mas que agora tem tido mais ênfase dentro da minha Senda Artística. Para já, a ideia surgiu da ideia do arcaísmo, o ar grotesco que eu carrego em toda actividade que exerço.
Como e quando começa a tua trajectoria como Rapper e BeatMaker no panorama Underground Rap Horrorcore?
Tudo, começa a ganhar contornos reais em 2010, quando inspirado pelas bandas de metal que ouvia (embora que já viesse a rappar e a produzir antes disso mas mais pra Gangster Rap) decidi fazer umas misturas com temáticas pesadas e instrumentais um pouco a mais metros abaixo do que tipicamente faz-se no cenário nacional. As primeiras músicas simplesmente não foram lançadas porque eu achei q simplesmente não seria bem vindas (acredite mesmo que eu lançasse elas hoje, acredito que eu seria amplamente procurado e crucificado). Em 2012 decidi fazer um projecto que tinha como título Aurora dos Corações Negros, cuja música que dava título ao projecto foi a primeira música de Rap feito no País com a presença massiva de vocais guturais (aqueles vocais e grunhidos típicos do Death metal e outros estilos dentro do metal extremo). O projecto não foi concluído de forma prevista mas acabou sendo lançado com outro título (Aurora Negra) porque tive problemas “jurídicos” com aquele título no site onde estava hospedado o single quando atingiu um número considerável de Downloads em circuito fechado. Como beatmaker tudo começou quando fartei me de ouvir aqueles boom baps básicos com samples baseados em Jazz, Blues e Soul como é típico dos artistas do underground nacional, fartei seriamente e comecei simplesmente a fazer “cuts” nas trilhas sonoras dos meus inúmeros DVDs de filmes de horror e a fazer cenas arcaicas, sujas, sem com o slogan “f*da-se a qualidade” sem intenção de se droparem nelas, as cenas soavam mesmo à “festa no cemitério” ou morte espontânea e na verdade não tinha ninguém que quisesse comprar-me aquelas “tralhas”., e eu nem estava interessado em fazer isso eu amo fazer beats, seja para festejar, divertir-me, entristecer-me, reflectir, em fim, aprendi a expressar-me por meio do horror sonorizado. Comecei então a lançar beat tapes para a net e surpreendentemente havia mesmo pessoas ouvindo e baixando aquelas cenas! E hoje felizmente tem muita pessoas que têm minha “discografia” toda em seus computadores! E começaram então aparecendo rappers da cena horror nacional e internacional querendo meus serviços. E hoje humildemente agradeço à todo mundo que foi baixando as minhas cenas. Tenho por aí mais de 15 beat tapes lançadas! A maior parte gratuitamente porque depois comecei a pensar no seguinte: deve haver pessoas querendo fazer horrorcore mas por cima de quais beats??. Logo, comprometi-me comigo mesmo a ser o pioneiro de um novo movimento dentro do beatmaking mas na perspectiva exclusivamente HORROR!
Actalmente sou integrante e co-fundador do grupo de beatmakers (por sinal o 1º no país) MONARCAS DA BESTA ao lado de Antídotuh Nekróloguh. E este grupo tem 5 obras lançadas dentre elas 1 comercializada no passado dia 29 de Agosto de 2015.
Quais foram as tuas influências?
Cannibal Corpse, Moscow Death Brigade, Slayer, Slaughterbox, Posthumous Blasphemer, Magitek, Brujeria, Deicide, Mayhem, Function Creep , Burzum, Rev Fang Gory, King Dracula, Deathgrips, Necro, Gravediggaz, Dr. Octagon, Patrick Horla, Six Feet Under, Ill Bill, Goretex, RZA, Behemoth, Dj Muggs, Dj Premiere, Al Tarba, Sabbac Red, The 23rd String, Anthony Ian Berckley aka The Grym Reaper, Gloria Excelsis Satani, Waking The Cadaver, Wank Of Death, Dj Bless, Peter Steele, Skrillex.
Donde vem a tua inspiração?
Das dificuldades e obstáculos que se apresenta quando me proponho à realizar um projecto. Ideologicamente na filosofia satânica e Seth-iânica que pratico, desenvolvo e ensino dentro da Ordem Anarcocultista Aurora Negra, e muitas outras visões da realidade dentro dos contornos das mais variadas sendas do caminho da mão esquerda (Left Hand Path).
Sabe-se que o teu 1º álbum de originais “Declaradamente Sujo” já está totalmente pronto e será lançado no dia 28 deste mês. O porquê do nome “Declaradamente Sujo”?
Justamente porque todo um manifesto começa com uma afirmação… e declaradamente é o estado em que vai se rever o Rap Nacional durante e após a venda deste projecto. 1º Porque os ditos Rappers limpos que buscam o utópico belo artístico não estão e nunca estiveram conformados com o estilo que encabeço neste momento, com isso (como alguns já têm se mostrado) terão as consciências “SUJAS” por suas implicâncias infundadas para com o Horrorcore. 2º Isto é uma espécie de Declaração Universal de presença do Movimento Horrorcore (divulgação, abertura, espaço e respeito), nunca viu-se antes projectos de semelhante conceito em nenhum outro país ou planeta (rsrs). São 7 nacionalidades distintas reunidos em torno de um estilo por muitos considerados Sujo! por fim 3º, porque isto marca o lançamento da pedra angular para o desenvolvimento responsável e saudável de projectos no horrorcore Angola, removendo a ideia de que isto seja música de quarto ou de pessoas desorganizadas, isto é Declaradamente Sujo porque é acima de tudo à nossa maneira!
Quais foram as dificuldades que tiveste para terminar este álbum?
O tempo, tendo em conta a amplitude do mesmo, já para ver que a soma dos imprevistos de todos participantes foi considerável, e vale apenas deixar uma observação aqui: por mais estranho que pareça os artistas nacionais atrasaram mais em relação aos estrangeiros para complementarem seus trabalhos. As Finanças! Até o presente momento a Skit Company que é a label proprietária do projecto não conseguiu firmar acordos de patrocínio dentro dos prazos ideais devidos à questões administrativas e a burocracia infinita do país e a questão das transacções internacionais que agora estão com cotações super absurdas. Mas acredito que todas essas dificuldades tenham contribuído para isto ser o que é. Não esquecendo o princípio hermético do equilíbrio, o que faltava num sítio era de certa outra forma complementada noutro. E como sempre o foco Satânico guiou isto rumo à Luz de Lúcifer, conduzindo me à confiar cada vez mais nas negras chamas da auto confiança e desempenho sem vitimismo.
Recentemente fui informado que o panfleto em lona grande que afixamos no local da venda foi removido por esta razão aproveito assim dizer que:
Independentemente de gostarem ou não do meu trabalho, não sou eu e a minha label que está em questão mas sim o próprio horrorcore. Pois eles não fazem nada de especial e deviam apoiar ou respeitar quem faz algo por isto. Pois são os mesmo que vêm reclamando que o horrorcore é boicotado pela mídia e pelo governo mas na verdade são os próprios ouvintes e fazedores os culpados da estagnação da nossa cena. Geralmente fãs revoltados.
Diante do movimento angolano em que o estilo Horrorcore é pouco consumido e desconhecido por muitos, qual é a mensagem principal que procuraste trazer para o movimento neste álbum?
A mensagem central deste álbum é exactamente o próprio Horrorcore, que é nela apresentada nos seus diversos estilos, isto é um catálogo daquilo que é o Horrorcore e aquilo que são os sub-estilos do horrorcore, com este projecto tenciono que as pessoas conheçam o horrorcore como tão porco ele é! Despido de desvios mas no seu status base, com sua temática original: Violência, Satanismo, Crime, Auto deificação, automutilação Pornografia, Homicídos, Sexualidade Mórbida, Psicopatia, Drogas.etc.
Quero que as pessoas saibam e entendam que na qualidade de um dos pioneiros da 2ª geração deste estilo cá neste país estou passando o testemunho fiel daquilo que são as bases do Horrorcore de verdade: Sem falso moralismo, ética pavimentada na ignorância e estupidez, catedracismo resultante do culto à máquina da sociabilidade ou qualquer outro fenómeno de etiqueta promovido pela incapacidade de se acessar a esfera original do horrorcore … E deixar bem claro também que não é horrorcore as musiquinhas mesquinhas que agora têm se proliferado por aí baseadas em “joguinhos gramaticais ou lexicais”, outros ainda abusando de obras literárias (plágios) alheias geralmente das estantes do esoterismo e do ocultismo da ciência catedrática. Eis o Horrorcore puro sem Falsidade… Sujo como Declaradamente ele é! Neste álbum o ouvinte vai poder conhecer as diferenças técnicas de cada sub-estilo do horrorcore como: Grindblack Psychadelic, Psycho Raw Horrorcore, Dark Horrorcore / Dark Rap, Pornogore Horrorcore, Technoground. E desde já lamentar o facto de não ter conseguido trazer snuff porn gore (butcher´s harem e companhias) e os mano da subcultura juggalo, estilo tormento e outros que estão intimamente ligada ao horrorcore desde a essência.
Por outra isto é uma espécie de amostra do que sou capaz enquanto beatmaker.
O que podemos esperar deste álbum quanto a Lírica, Flow e Participações?
Quanto às líricas e flows tenho um cardápio bem recheado com pratos de 7 terras distintas, o suficiente para satisfazer todos os gostos. Participaram no projecto forma geral:
De Angola: Guardião Poeta Místiko, U Menthalista, Mimax Corpse Grind, Assassino das Palavras, U Ghóxmico, PheXzty Humana, Ciclóniko, Bruno Grinds, Raf Tag, Movimento Kampa Preta, Sulfúriko, Dráxtiko Líriko, Lord Bush, Bambaklata, Skit Van Darken / Nekroxxxiztas, Antídotuh Nekrólogu (na produção)
Cuba: Papo e Sketch
Brasil: Semdó, Violence Fonkk e Pest
México: Chapa Blasfemo
Polónia: SAJKO Psychobrat
Rússia: Denchik Zalupov / Scaryboy Glofish
Moçambique: Exorcistas Ocultos (Necromante Hades e Cenatório)
O álbum conta com quantas faixas musicais?
24 Faixas.
Este álbum sairá nas ruas sob selo de que editora/produtora?
Skit Company, aproveito também dizer que o projecto foi projectado também em alusão à meia década (5 anos) de serviço que a mesma completou (2010-2015).
Como foi o processo de divulgação dos singles de avanço deste álbum?
Foi virtual, lancei a primeira música promocional em Dezembro passado e dentro de dias lançarei mais uma outra para abrir as portas definitivamente à venda. A 1ª música promocional tem o título de Miasmas do Inferno Difunto e conta com as ultra-pesadas participações de Chapa Blasfemo (México) membro da grande crew internacional Kartel 666 e o Pest (Brasil) membro da imponente e venerável crew Hand Of Death; A música ainda contém um extracto das vozes de Felis membro da extinta banda de grindcore brasileiro Abuso Verbal. A segunda música promocional ainda é um segredo e será lançado dias antes da venda.
Como foi o feedback do público quanto aos singles de avanço?
Altamente… principalmente os downloads via mediafire atingiram bom índice e posso dizer que a expectativa internacional está empatada com a nacional, tenho recebido muitos elogios e propz por parte da malta do horrorcore de fora e de dentro o que tanto tem me motivado também.
Fale-nos um pouco do trajecto da Skit Company?
A Skit Company é uma Editora focada na produção, edição e distribuição de músicas do gênero Horrorcore Rap, Metal e Dubstep, está sediada em Luanda, Rua dos Telefones nº 73, Hoji Ya Henda – Cazenga. No activo desde 2010. Tem representações oficiais na Polónia, Moçambique e Brasil.
Actualmente está trabalhando com os seguintes artistas-grupos (uns por contracto escrito e ou outros por afiliação oficial):
Angola: Grindblack, Monarcas da Besta, Nekroxxiztaz e eu próprio (Skit Van Darken), Green Cow Effect e Sands In Darkness.
Brasil: Quexiz (Rapper, Produtor e nosso Director Comercial para às americas)
Moçambique: Flash MC
Polónia: SAJKO Psychobrat
Dentro do mercado nacional é incontestável a nossa imponência sendo que influenciamos, lançamos e colaboramos nos maiores e melhores projectos de Horrorcore e uns pouquinhos Hardcore. Sem fazer publicidade.
Temos activo os seguintes departamentos: Design, Marketing e Publicidade e este ano abrirão as portas do nosso estúdio de gravações áudio ao Público.
A Skit Company lançou a primeira Obra em 2010 e até hoje temos um repertório de mais de 30 projectos que por nós foram lançados, desde Álbuns, EPs, LPs, Demos, Singles, Beat Tapes, etc.
Fomos responsável pela primeira comercialização formal de Beat Tapes no país… e tantas outras proezas constam do nosso currículo sem contar o imenso respeito internacional e confiança de que o nosso selo cada vez mais vai ganhando.
Somos a maior editora de música sombria do País! Resumindo e concluindo (rsrs).
Sucessos para o álbum e para a tua carreira como rapper e beatmaker.
Obrigada e igualmente; agradeço a atenção e o espaço cedido, Shemmaforash!.
O álbum “Declaradamente Sujo” foi lançado no dia 28 de Fevereiro, a partir das 17:30, na quadra de Basketball da Sprite, bairro da Cuca, Luanda, ao lado da ex-borracheira (perto da escola das Madres).