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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

RAF TAG U Imortal | ENTREVISTA (2011)

01. Team Luanderground: Como é ser U Imortal Raf Tag, um dos maximos expoentes na senda do nosso Rap?

Raf Tag: Para ser sincero, não penso muito nisso, sei apenas que não faço Rap com intenção de ser aceite ou de fazer parte dum movimento Rap angolano, faço Rap como uma forma de me expressar, isso para exorcizar os meus "demónios" pessoais, é 1 extrair dos meus medos, ansiedades e reflexões. Mas já agora k me perguntas isso, ser eu é algo bastante exigente e duro, pk sinto k tenho sempre a cobrança de alguns amigos k querem k seja o melhor ou k ocupe 1 lugar k eles acham k mereço e claro é difícil pk estou sobre ataque constante por ser diferente, é o tal medo k a diferença causa, a incompreensão e a ausência de percepção são inimigas da aceitação!

02. T.L: Como eh o seu dia-a-dia, para alem das actividades ligadas ao hip hop?

R.T: Para mim esse é 1 assunto tabu, a minha vida profissional raramente se mistura com a minha vida no Rap, quanto menos sair para fora melhor, só sai o k eu filtro e vem nas letras!


03. T.L: Como descreve a sua carreira, os maiores pontos de realce, desde primeiros trabalhos ate projectos em carteira?

R.T: Eu entendo carreira como uma profissão, uma esfera de actividade remunerada, então não tenho uma carreira no Rap, tenho sim 1 percurso, 1 hobby muito atribulado e repleto de fracassos, avanços e recuos! Os seus pontos altos foram, vencer o primeiro concurso de rompimento feito em Luanda, em k rebentei com todo mundo, gravar o primeiro som Horror-Core, "Enraizados No Inferno" com As Pragas & Reverendo Neblina Cerebral, lançar o segundo EP de Rap underground em Angola e o primeiro Horror-Core com o Samurai, "ISHING - A Ciphra Da Lua Negra", gravar o "RAPtópsia" com o Laton, k infelizmente nunca foi editado, ajudar nos álbuns do Bob da Rage Sense e lançar o "demoNOcracia". Neste momento estou a trabalhar no meu próximo álbum, "U Imortal", k acredito k será o meu melhor, ando a corrigir os erros antigos, é 1 álbum k descrevo como melancólico, pessoal, sofrido, solitário, taciturno, revoltado, sujo, sincero e pesado!


04. T.L: Quem sao os seus aliados ou nucleos no momento?

R.T: Se queres saber se pertenço a algum grupo ou isso, neste momento não, mas tenho 1 núcleo de amigos com quem gosto de gravar sempre k tenho oportunidade e eles são o BZb, o AKA M-47, o Docz Beats e os Snhorz du T-Ror Subt.Râneu, se a crew vier a fazer algo, o nome já existe, Serviçuz Scretuz du Érebu!


05. T.L: Como Começou? Qual foi o Seu Primeiro Contacto com o Hip Hop? Em Que Ano?

R.T: Comecei a cantar Rap em 1999, encorajado por 1 grupo de amigos com quem andava na altura. Já o meu primeiro contacto com o Hip-Hop foi nos anos 80 em filmes e tal, mas não tinha a mínima percepção de k se tratava de Hip-Hop, era novo demais para relacionar, só comecei a encarar o Hip-Hop com entendimento do k se tratava em Portugal, nas Caldas da Rainha, no ano de 1993!


06. T.L: Qual a Track de que mais orgulha? Ou a Que mais fez Sucesso?

R.T: Sucesso acho k nunca fiz, hehehehe! A track de k mais me orgulho na realidade são todas as tracks k virão no meu próximo álbum, acredito k são uma evolução do meu Rap!


07. T.L: Tem nocao de quantas pessoas admiram e acompanham o seu trabalho desde o inicio, na Capital e Províncias ou mesmo fora do país?

R.T: Sinceramente essa é uma questão k não faço a mínima ideia do k hei de responder, não tenho noção, talvez as 700 pessoas k compraram o "demoNOcracia" no dia do lançamento! 


08. T.L: Raf Tag traz sempre o caracter revolucionario ou pelo menos a critica social nas suas letras... Que dizer dos problemas q temos vindo a enfrentar (como angolanos) ao longo desses anos e da "Demonocracia" que vivemos? Sera uma questao de medidas imediatas ou um processo que vai precisar de mais uns longos anos? A quem cabe a responsabilidade de mudar esse panorama, ao Governo ou à Populacao?

R.T: Crítica social sim, auto-crítica sim, revolução não, apenas contribuo! Os nossos problemas são o resultado de 500 anos de convivência errada entre 2 povos, em k 1 subjugava e explorava o outro, depois juntaram-se mais uns anos duma guerra sem lógica, isso somado acabou por dar uma multiplicação sombria k gerou consequências psíquicas, físicas e sociais. Hoje infelizmente nós temos uma má política externa e passamos uma imagem errada da realidade, a imagem k transparece é dum país rico e próspero, muito errado isso. Depois o exterior tem uma péssima política em relação a Angola, assiste-se a 1 novo assalto, a uma nova invasão, o ocidente andou a cometer 1 monte de erros em relação as suas economias, então vem para cá tentar corrigir os seus erros, somos uma espécie de tapa furos, é a exploração total, por exemplo: produtos k eles na Europa vendem a 100 Euros, vem cá vender pelo preço de 300, ou seja, a nossa economia esta a alimentar a deles. Angola precisa de anos, isso para se encontrar e vingar o seu lugar no planeta, hoje nós vivemos num país capitalista k anda ao passo da globalização, mas temos uma educação amputada, como se pode querer acompanhar uma economia mundial, na qual uma queda nos Estados Unidos é sentida cá se não dominamos a informação? Precisamos superar a deficiência de conhecimento k temos, o nosso domínio tecnológico é trágico. Há necessidade de se empreender grandes reformas na educação, na saúde, na segurança e sobretudo tem de se aprender a valorizar os angolanos, entra-se no abismo num segundo, mas sai-se dele lentamente, infelizmente. O papel não é só do governo, é infantil culpar-se tudo o k corre mal ao governo, é uma falta de coragem total quando alguém culpa os seus insucessos só ao governo, muita gente não luta, nem tem vontade de lutar por si, é mais cômodo culpar terceiros, com isso quero dizer k o papel principal é da população sobretudo, pk é na população k esta a força da mudança. Enquanto a população não ganhar uma consciência de mudança activa nada avança!


09. T.L: Quem o conhece sabe que eh um eterno critico social e defensor das causas do Globo (Formula Sombria, Assassinos de Massas, Conexao Reptilianica) mas suas musicas trazem muitas vezes algumas referencia ao "satanismo" se podemos assm dizer, comecando pelos seus nicknames... como acha que isso influencia os seus ouvintes?

R.T: Depende da capacidade de apreensão da informação k o ouvinte tiver, se ele não tiver o raciocínio em dia, pode entender tudo errado. Basicamente o satanismo é uma metáfora k uso contra esse sistema social, religioso e político k impera no mundo, isso pk satanás é a oposição as regras e aos dogmas instituídos, é o desvincular e a busca de uma verdade pessoal k se adeqúe a nossa natureza humana. A religião tem sido 1 mecanismo político e 1 braço violento da opressão, 1 dos estandartes da escuridão, então o satanismo é a maçã k dá o conhecimento sobre o bem e o mal, o teu direito de escolha e de assumires os teus fracasso e vitórias. Nada tem haver com amar e glorificar o mal ou essa figura com chifres. É a minha alegoria!


10. T.L: O Movimento Underground na Banda teve uma Substancial "Subida" nos Últimos 2/3 anos, Produtoras Underground Engajadas em Muitos Bons Álbuns, Mixtapes e Projectos Geral; consegue Apontar as Razoes e os Prinicipais Responsáveis?

R.T: Eu não vejo essa subida de k tanto se fala, o sucesso de 1 artista ou de 1 pequeno núcleo não significa mudança benéfica para o movimento, pk só no singrar de 1 todo esta o vencer. Para mim o underground até regrediu bastante, regrediu em termos de originalidade, de liricismo, de ideologia e até em termos de essência. Hoje há uns quantos a fazer algum dinheiro, há melhorias nas condições físicas de produção e edição de discos, mas não há aquela emoção, amor e sinceridade k havia de 1999 a 2004, tempo no qual havia o M.H.C.A., a Infinit Crew, os Hemoglobina, o CCC, a Koligação Periférica, etc. O movimento Rap era uma espécie de biodiversidade na qual apesar de tudo convivia-se positivamente, hoje é tudo 1 bocado a mesma coisa, insulta-se e diz-se defender o Hip-Hop, mas não se honra a sua história, para mim underground antes de ser o "eu sou mau" é conhecer as minhas raízes e respeita-las. Eu não sou adepto dessa nova onda em k se quantifica o Hip-Hop em vez de se qualifica-lo, existe 1 maior número de vendas sim, mas não há uma melhoria no seu conteúdo, há uma regressão!


11. T.L: Acredita que os Rappers deviam representar mais pelo love pelo Hip Hop, sem nenhum interesse nos possiveis lucros? Ou sera q tdo por kestao de valorizacao, quem sabe fazer boa musica merece ver o seu esforco "compensado"?

R.T: Tudo na vida deve ser feito primeiro com amor, mesmo o k tem como objectivo a obtenção de dinheiro, pk se não for feito com amor esse dinheiro corre o risco de não ter nenhum significado. Lucro é o resultado de 1 esforço empreendido de forma correcta, ninguém anda aqui para tar a queimar dinheiro, eu nunca tive lucros, mas também não tive prejuízos, não continuaria a fazer Rap se ele atacasse o meu bolso e se tive algum lucro, certamente foi apenas espiritual.


12. T.L: Ja alguma vez pensou em viver do rap ou pelo menos fazer dele uma das suas principais fontes de recursos?

R.T: Seria muito ingênuo da minha parte se acreditasse k com o tipo de Rap k faço conseguiria viver e ter uma vida estável, para se viver do Rap tem k se abrir mão de determinadas coisas, das quais não tou aberto a fazê-lo. Como sempre soube com o k podia contar, tenho 1 emprego diurno. Mas fico feliz e não tenho nada contra quem quer k consiga viver do Rap, não apoio essa ideologia pateta que existe em Angola de k viver do Rap é 1 pecado capital, até pk o Rap foi o meio de escape ao holocausto social k muito boa gente usou para singrar!



13. T.L: Todos sabemos que eh um grande coleccionador, Hip Hop Brands, quais os itens de mais realce e quais sao as suas brands favoritas?

R.T: Até k Hip-Hop brands não sinto muito, gosto mais de streetwear inspiradas de alguma forma em Hip-Hop, mas sem serem mesmo brands de Hip-Hop exclusivamente. As marcas k mais sinto são, em calças: Levi's, sneakers: Nike Dunk, Jordan 4 e 5, os 5 são os sneakers mais fortes de sempre, Vans Era e Half Cab, t-shirts: Carhartt, Stussy, Zoo York e sobretudo a Franklin & Marshall, k tem as t-shirts k mais sinto no momento. Mas não se pode dizer k sou 1 coleccionador, pk só tenho o indispensável para o dia-a-dia!! 



14. T.L: Quem São as Figuras a quem Respeita o Trabalho no Hip Hop Angolano (Mc's e Produtores) e porquê?

R.T: Eu respeito o trabalho de todo mundo, posso é não gostar do k todo mundo faz. As pessoas k aprecio são basicamente as com quem gravo regularmente e fora desses, respeito o Lil' J, pelo seu percurso, o LevelL Khrónico, pela qualidade nos instrumentais, o Kallisto, pelo esforço k empreende nos seus projectos. Mas se tivesse k escolher os meus mcs preferidos os primeiros k me iriam surgir seriam sem dúvidas, o BZb, o Bob da Rage Sense e o N'Gana, nem há nada a dizer. Produtores: o Ricardo, para mim ele é o próximo melhor produtor de Rap em Angola, tem algo de super novidade, de nunca antes ouvido, de "porra esse dread é o wi", o Cok Da Damaja, por ser extremamente original, pesado, obscuro e ter algo k é só dele, por fim o Laton, por conseguir sair do 8 ao 80, ele é capaz de produzir tudo, é infalível, é a pessoa certa para se trabalhar, se tiver interessado em colaborar com o artista! 





15. T.L: E Internacionalmente?

R.T: São muitos, por isso vou dar 4 de cada, aqueles k escuto constantemente, mcs: KRS-One, por ser o reflexo do k é o Hip-Hop, o Kool Keith, pela inovação, loucura e pela forma como encara o Rap, o Kool G Rap pelo flow, ele é o início do real hard-core, o Sick Jacken, sinto o que ele canta e gosto da forma como ele vê o mundo actual. Produtores: o DJ Premier, daaaam ele é o Deus dos beats de Rap, o El-P, mudou a minha forma de perceber o boom bap, o Stoupe The Enemy of Mankind, por conseguir fazer uma cena pesada e obscura, mas mantê-la bonita, melódica e musical, o DJ Muggs, sigo as cenas dele desde 1993 e até hoje nunca me decepcionou, continua super dope!

16. T.L: Algo Que Queira Adicionar?

R.T: Quero agradecer a todos k mantém o Hip-Hop produtivo positivamente. E claro, dizer que aguardem pelo "U Imortal", k sem dúvida será o tira-teimas, virá para explicar melhor tudo o k estive aqui a dizer e muito mais, é uma lição de vida, 1 tributo ao rapper com skills excelentes, mas que não rebebe o valor devido. Obrigado e 1 abraço!

CRÉDITO: TEXTO ORIGINAL DO BLOG ZONA SUL EM LINHA 1/02/2011
ENTREVISTA: TEAM LUANDERGROUND